Tarifaço
- jvcbcarvalho
- 13 de ago.
- 2 min de leitura
Imagino que falar sobre mim não seja tão atrativo quanto sobre falar de algum tema em alta, então vamos a uma tentativa. Falar sobre a relação comercial brasileira e estados unidense, sem que pareça que estou falando de mim. Penso que sempre estamos falando de nós mesmos no final. Enfim, vamos ao que interessa. Recentemente, passamos por uma taxação no mínimo controversa em relação aos Estados Unidos. O presidente norte-americano utiliza de um mecanismo punitivo devido a discordâncias políticas para aumentar impostos. Insatisfeito com o tratamento recebido por seu parceiro político, que atentou e criou desconfiança acerca da democracia brasileira, tivemos na última semana a efetivação do aumento anunciado há cerca de um mês (https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/trump-anuncia-tarifa-de-50-para-brasil/).
Historicamente, pode-se dizer que a relação entre os países é amigável. Mas reflitamos um pouco sobre. Como uma referência direta do que muitos governos brasileiros buscam para o país, os Estados Unidos podem ser tidos de maneira disfórmica nessa relação. Talvez mesmo até uma má referência do que se buscar "ser". Reproduzir o estilo de vida americano é algo inerente ao capitalismo, afinal é lá onde se consolida o modelo e naturalmente se expande mundo a fora, inclusive para o Brasil. Neste mesmo entendimento, de que buscamos ser como tal, que talvez não entendemos a desigualdade dessa parceria. Entregamos lealdade e recebemos exploração em forma de "amizade". Quando estamos alinhados aos seus interesses, lucramos (nunca mais do que eles). Mas quando minimamente expomos nossas vontades, sobretudo a de soberania, sofremos com imposições de uma relação desigual. Talvez a amizade não seja lá como imaginamos.
Por outro lado, pensemos um pouco sobre quais relações estão alinhadas com nosso desejo maior, o de soberania. Claro que não apoiamos a soberania em todas as situações, sobretudo em casos onde a ação de qualquer nação que o seja fera a humanidade. Mas é necessário entender que autonomia e "amizades" precisam sim caminhar na mesma direção para que se tenha soberania. É óbvio que no contexto das relações internacionais tudo é muito sensível e a diplomacia por vezes deixa escapar um detalhe ou outro dos nossos valores. Mas é preciso valorizar os que te respeitam, não pelos seus interesses, mas pelo mutualismo da relação.
Para os que te abandonam, não há muito o que lamentar. Parceiros comercias vem e se vão. Em poucos meses fortes parcerias podem ser substituídas, talvez até mesmo por parceiros mais sólidos e lucrativos que aqueles. Lamentar é algo comum, infelizmente as tarifas tem um efeito imediato mais forte do que o que gostaríamos. Mas a independência futura tem um preço baixo historicamente, uma vez que optamos por substituir e aprender com as mudanças.

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